Radioatividade decorrente da presença de urânio e tório na monazita deixou passivo ambiental em SP Destaque

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Técnicos da CPI dos Danos Ambientais inspecionam depósito de lixo 
radioativo no bairro de Interlagos, em SP (Foto: Blog do Goulart)

Um problema que afeta a produção de terras-raras de fontes monazíticas alterou os rumos da produção brasileira: a radioatividade decorrente da presença de urânio e tório na monazita. Muitos países até mesmo abandonaram o uso da monazita para produção de terras-raras.

A Usina Santo Amaro, que produzia terras-raras, fica no bairro paulistano do Brooklin. Em 1986, a Nuclemon — sucessora da Orquima e depois incorporada pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) — instalou uma unidade de separação das terras-raras na Usina Interlagos, também na capital paulista. Grandes quantidades de rejeito radioativo do Brooklin foram transferidas para Interlagos. Mesmo com a desativação das duas unidades, em 1992, o rejeito radioativo continua armazenado nos galpões da Usina Interlagos.

Em 1987, o acidente radioativo com césio-137 em Goiânia chamou a atenção dos funcionários das usinas sobre os riscos da radiação. Durante décadas, trabalharam sem qualquer proteção, até que perceberam que muitos problemas de saúde e mortes ocorridos nos quadros poderiam estar relacionados à radiação.

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Funcionários da Nuclemon se manifestam desde os anos 90 
para garantir direito a tratamento médico e indenizações 
(Foto: ONG Espaço de Formação Assessoria e Documentação)


“Níveis toleráveis“

Em 1991, a Câmara Municipal de São Paulo instaurou uma ­comissão parlamentar de inquérito para apurar responsabilidades pela exposição à radiação sofrida pela população e, sobretudo, pelos trabalhadores das duas usinas. Em 2009, a câmara instalou outra CPI para avaliar diversos tipos de danos ambientais à cidade de São Paulo, entre eles os ocasionados pelas usinas.

De acordo com a INB, as instalações de Interlagos são monitoradas pela Cnen e pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e estão dentro dos níveis toleráveis de radiação. Desde 2010, o local da Usina Interlagos, hoje área nobre da capital paulista, vem sofrendo um processo de descontaminação para que receba outra destinação.

Em 2006, relatório produzido por grupo de trabalho encarregado de analisar a segurança nuclear no Brasil, formado pela Câmara dos Deputados, propôs a indenização dos trabalhadores da ­Nuclemon. Em 2007, os antigos funcionários da estatal ganharam na Justiça do Trabalho o direito de receber plano de saúde vitalício. Mas eles pedem ainda a regulamentação da Convenção 115 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da década de 60, pela qual pessoas ocupadas com serviços radioativos devem passar por exame médico periódico vitalício.

 

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Especial Energia Nuclear

Reportagem produzida em 24/04/2006

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